Neste domingo de sol, já espreitei a poesia de outros. Um deslizar por outras palavras, para me aninhar na beleza e confirmar a coragem e a lucidez de quem pensa o mundo de forma justa, como a única possível. Para ficar mais acompanhada neste dia.
Aqui fica na voz de Sophia de Mello Andresen
A forma justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu, o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporia
Cada dia, a cada um, a liberdade e o reino
- Na concha, na flor, no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é o meu oficio de poeta para a reconstrução do mundo
in "O nome das coisas"
Sem comentários:
Enviar um comentário