terça-feira, 24 de junho de 2014

Monólogo

Não sei como dizer-te que precisas de respirar junto às árvores, olhar de perto as suas folhas, demorares na sua beleza e encanto. Assim, de mansinho, deixar o verde invadir a alma, para  que o corpo se liberte do seu peso e das suas mágoas

Não sei como te levar a ver o mar, sentar-te numa rocha lisa, salpicada com bocados de algas e pequenas conchas partidas, para que possas a apreciar o movimento das ondas na areia que brilha, tal qual as pérolas, que são raras, mas existem. Não sei como te aquietar dos medos, esses que transformaste em coisas permitidas, mas que parecem um polvo gigante a perturbar o cair das tardes. Não sei como te mostrar a poesia, palavras que embrulhamos em nós como mantos sagrados e nos protegem das tempestades secas de desertos, atravessados por guerras que inventamos. Ou inventam para nós.

As espécies mais utilizadas são Jabuticabeira, Laranja, Mexerica Pitanga, Romã, Macieira, Kiwi e Amora / Shutterstock / Mazzzur Não sei como te empurrar para o futuro, de peito aberto, sem que tenhas medo de cair nos precipicios medonhos que ladeiam as estradas que desenhaste em mapas imaginados no decorrer de noites de solidão. 

Quero que fiques assim, lavado de histórias antigas, sequioso de novas marés, a espreitar os dias longinquos carregados de promessas como uma macieira madura do jardim cuidado de uma casa. Não sei como te ajudar a construi um lugar, o sitio certo para morar o amor que trazes contigo e permanece virgem de apeadeiros seguros.

Não sei como te apoiar na luta contra tempestades e dias escaldantes. O sol vai chegar forte e abrasador e não tenho um chapéu para te emprestar.
Espero que consigas uma sombra grande para te abrigares, sendo certo que deves deixar livre as mãos e a esperança para apanhar a liberdade que vai passar por aí.
Eu sei que vai, só não sei como dizer-te e fazer-te acreditar.

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