Tanta coisa para fazer e a alma a vaguear. Um querer sair por aí, livre e solta, a medir espaços e a procurar odores, rios com pedras e folhas caídas, passadios de madeira a proteger o chão.
Tanta coisa por fazer e a alma a querer mundo. Risos e prosa, conversas soltas para entender a vida, que os anos vividos já não são bossula para encontrar o norte. Gargalhadas ao fim do dia, sinais vitais de coração sadio, café com leite na cozinha, os pés com meias de lã de trazer por casa.
Tanta coisa por fazer e a alma cega de vontade(s). Coisas de pouca importância, um cacho de uvas sobre a mesa, as migalhas do pão quente do forno, a mesa posta para quem quiser entrar. E vier por bem e por companhia, que é verdade boa saber-se de outros iguais a nós.
Tanta coisa por fazer e a alma a querer vagareza, alongar o tempo até mais não poder, encaixar nos minutos a lonjura das tardes de verão, deitados nas esteiras a ouvir o cantar das cigarras e as vozes das mulheres a tratar da casa e a cuidar dos seus.
Tanta coisa por fazer e a alma a querer liberdade e planícies a perder de vista. Sem medo. Sem casa do papão, que como disse um menino "então, não sabes? é assim um papão, grande, feio e alto...meto medo, pois não mete?"
Mete, sim. Por isso e contra isso, a alma a querer ir embora, a vaguear, à procura de sinais, vestígios e promessas de novos tempos e novos lugares.
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