Olhamos para a fotografia e emocionamo-nos. Pelo menos eu. A mulher, nova ainda, com o rosto a olhar para nós, bonita, cabelo liso, olhos grandes castanhos, segura um bebé junto ao seu peito, delicada e suavemente, aconchegando-o com os braços e as mãos, numa espécie de concha protetora. O bebé, muito pequeno, encosta-se nesse peito, olhos fechados, boca linda, cara de mimo e encanto, parece que dorme, mas sobretudo aninha-se porque aquele colo é de amor e cheiro doce. O bebé sabe, sem saber dizê-lo, que aquele colo já abraçou a sua mãe e por isso tem raízes longas, é seguro e confiável, já deu provas de amor incondicional.

É uma avó que acalentou este gesto e que fala dele a sorrir, confirmando Sim, é uma bonita fotografia, permitindo-se elogios e reconhecimento, ela que anda de braço dado com a descrição e o recato. Uma espécie de segundo plano que encontrou no seu trajeto e que a protege dos holofotes da primeira fila. Não que se recuse a dar o peito às marés do tempo que vive, mas mulher experimentada, insiste em não comandar navios, preferindo permanecer em terra a cuidar dos que ficam e a espiar o tempo das tempestades e ventos fortes. Em guarda. Solidariamente.
E eu, que com ela privei, fico em silêncio a saborear o seu encanto e a sua nova missão. Vai desempenhá-la com as qualidades que tem, feitas de cuidado, afeto, inteligência, entusiasmo, sentido de si e dos outros. No meio, principio e fim, olhará para o seu neto e amá-lo-á todos os dias com a firmeza e a doçura que mostra na fotografia. Muito bela.
Parabéns, menina francesa. Muita sorte e sonho para esse menino neto. Lindo.
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