Não sei o que sinto no final deste ano. Não sei que palavras encontrar para desta vez, abrir a porta a 2021. Não vai ser igual e sendo diferente, não sabemos como será. Melhor? sim, é o que todos desejamos, ainda que almejando sonhos diferentes. Há quem peça pão sobre a mesa, uma sopa, casacos para o frio, lençóis quentes, uma lareira acesa, abraços dos que ama, trabalho seguro, proteção, saúde, alegria.
Se todos precisamos disto? sim, mas há uns que necessitam mais do que outros. Porque não somos todos iguais em direitos e condições de vida. E o ano que agora termina, não tratou a todos por igual. E não é sempre assim? É, mas há situações que obrigam a escancarar as portas e a ver a realidade, tal e qual ela é. Foi assim que vimos e soubemos as condições de vida de muitos idosos, de muitas crianças e familias, de muitas mulheres e homens que lutam e sofrem e fazem pela vida, sem apelo nem agravo. Escancaradas as portas, e reconhecido em muitas situações, a falta de dignidade e de direitos, como vamos acolher e abrir a porta a 2021?
Desenho da Maria Rita (3 anos e meio) |
Bem sei que podemos e devemos dar viva a quem, reunindo esforços, descobriu a vacina e transformou a angustia em esperança, para nos protegermos e cuidarmos da nossa saúde. Emociona-me essa capacidade de dar a volta ao destino e criar uma resposta para um problema e disponibilizar essa solução ao máximo de pessoas possível. Será uma boa saudação para 2021. Saudar também quem na linha da frente cuida de quem mais precisa, todos os dias.
Emociona-me a coragem de resistência de muitos homens e mulheres e a tenacidade para fazer das tripas coração, enfrentando os atentados aos seus direitos, todos os dias, lutando e protestando em som audível e incómodo. Os silêncios, sabemos bem, são cumplicies do desprezo e da negação. Podemos saudar um 2021 com mais visibilidade e denuncia social.
Emocionam-me as crianças, aquelas que riem e pensam, desenham e pintam, e argumentam ideias e sensíveis aos outros, constroem comunidades de afeto e cuidado, com perícia de mestres. Mas também me emocionam as crianças que protestam, chora, gritam, porque a vida lhes dói e à falta de mediação e palavras para traduzir as emoções, fazem da interação com o outro uma continua luta, tantas vezes, difícil de ser entendida e transformada.
E emocionam-me ainda mais os educadores que persistem e não desistem e sabem que essa é a mais valia de ser professor, em escolas amigas das crianças. Porque são eles que em conjunto com as crianças, promovem toda a humanidade que há em cada pessoa, mesmo as mais novas. É preciso também saudar isso para 2021.
E saudar estarmos por aqui, com saúde, pensamento e emoção. Porque passámos por 2020 e "sortudos" não nos podemos queixar. Assim, mesmo com palavras atabalhoadas e sentimentos um pouco ambivalentes, reinventemos-nos para o próximo ano, abrindo a porta a 2021.
Bom ano.
Fé no Homem, no Homem Novo, na Humanidade, Esperança na vacina de todo o mal, Caridade à nossa volta enquanto o dia novo dum Ano Novo não chegar. Bom Ano Novo 2021
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