Precisamos de palavras e de coragem. E um café quente, para sossegar, porque estamos suspensos da vida, com frio e medo. Precisamos de calor, para nós e para o mundo, que se move em rota livre, indiferente às nossas preces. Porque rezamos, mesmo que sem terço e ladainhas. À falta de melhor, trauteamos uma canção ou lemos poesia, para amenizar a aflição dos dias. Porque estamos aflitos, entre o caos e a redenção. Não há luz ao fundo do túnel nós que ansiamos pela definitiva claridade dos dias.
Precisamos de silêncio e paz, porque o tempo é de contenção e recato. Em movimentos e poupança de palavras, que às vezes ficam tolas e frívolas, desnecessárias. Porque a realidade é fria e cruel e não sabemos o que fazer com os números e a dor dos que ficam e dos que partem. Sentimo-nos à deriva e inundamos tudo com o nosso lado insensato e ruidoso.
Precisamos de ficar em casa, mas sabemos que amanhã é dia de sair e ir votar. Não queremos nem podemos juntar mais aflição aos nossos dias, aumentando a nossa perplexidade e inquietação. Precisamos de manter a nossa democracia e a defesa dos direitos humanos para todos os homens e mulheres da nossa terra. Portanto, munidos de proteção da cabeça aos pés, vençamos o medo e saiamos para exercer o nosso direito de escolher a liberdade, a decência, a hospitalidade, a proteção, o trabalho, a saúde. Para todos.
E depois continuemos em casa, menos aflitos e mais crentes na nossa capacidade para decidir e contribuir para um bom futuro e uma vida melhor. E apesar de não afastarmos dos dias o peso da aflição, participemos de corpo inteiro na alvorada de um novo dia. Isto nos compete e a isto temos direito.
Tudo o resto vai passar. Com danos e perdas, mas vai passar.
Eu já votei antecipadamente , mas sim todos devem ir votar. Votem e protejam os vossos direitos votando . Abraço Manela e muita saúde .
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