Logo pela manha enredámo-nos na pedagogia, como coisa nossa e dos dias, educadores que somos em jornadas de muito amor e cansaço. A lei dos contrários, a confirmar que a vida não é um mar de rosas e que temos que permanecer lúcidos para retirar os espinhos das flores que acolhemos no regaço. Com muito cuidado e afinco, para não desistir deste cuidado permanente de que somos autoras.
Enredámo-nos na pedagogia, primeiro em forma lenta, que a manha ainda estava com sono e o nosso corpo adormecido, depois de maneira ativa, barulhenta, partilhando, contrapondo, discutindo e apresentando as nossas razões das profissionais que somos e queremos ser.
Continuamos ligadas ao sonho de que se a educação não pode tudo, alguma coisa a educação pode e nós podemos. Em grupos de aprendizagem e parceria, sem medo de falar dos erros, certas de que muitas cabeças pensam melhor que apenas uma, e que se eu ainda não sei, posso aprender. Com colegas, com as crianças, com as famílias.
Com autores de referência e sobretudo com a reflexão sobre as práticas. Com sentido ético e vigilância critica, para questionar as nossas representações e as rasteirinhas do quotidiano, que nos fazem dar o dito pelo não dito e sermos menos gentis, sensíveis e disponíveis para os meninos e as meninas lá da escola.
Enredámo-nos na pedagogia e falámos de planeamento, ação, plano do dia, escuta da criança, participação, envolvimento, instrumentos, projetos, currículo emergente...tanta coisa, tanta coisa, tendo por mote quem somos, o que fazemos e o que queremos mudar para uma educação cuidadosa e promissora de um melhor presente e um futuro amigo.
Depois regressámos a casa, que temos gente à nossa espera e vida para além da escola, com ela sempre em redor. E fiquei a ver o cai da noite, a apreciar o frio que cheira a natal, a respirar silêncio, a dar descanso às palavras, emoções, significados...que nos tinham enredado pela manha.
E desejei que fosse quase natal, que o menino estivesse pronto para ir para o presépio, que a lareira queimasse a lenha e que a mesa, linda e vermelha, nos reunisse a todos à sua volta, com beijos, arroz doce e rabanadas. Porque a pedagogia assim pensada, vasculhada e refletida, desgasta e consome energia, perdurando em nós, como o eco num vale. A manha foi de luz, diálogos a muitas vozes e interação permanente, agora quero e procuro o silêncio e o natal.
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