Ontem fez dez anos que partiste. Lembro-me de levar os rapazes à escola e ao chegar à minha, ter tido essa noticia, de forma abrupta e violenta, incompreensível. Que outra forma existe para saber que ficámos sem chão e sem colo?
Se cá estivesses, verias como as minhas rugas se multiplicaram, os cabelos estão cada vez mais brancos, e as mãos, as minhas mãos, parecem-se cada vez mais com as tuas. Notarias também que algumas das coisas que digo fazem rir os teus netos, entre o divertido e o (in)conformado, comentando então, isso nem parece teu! Mas é. Porque a vida passa e todos vamos para lá, como dizias a rematar a conversa, quando tentávamos que brigasses com os medos e silêncios do teu corpo cansado.
Se cá estivesses, talvez discutíssemos as noticias do dia, no meio das perguntas que fazias para te inteirares do desenvolvimento do mundo e das pessoas, recusando as novelas e os programas de entretenimento. Se cá estivesses, fazíamos a sopa em conjunto, contigo a gabar os brócolos e os grelos e a querer batatas em vez de arroz. Se cá estivesses, hoje, verias os teus netos e juntas, teceríamos palavras a retocar o amor que sentimos por eles. Se cá estivesses pegarias na tua bisneta ao colo e os teus olhos ficariam cheios de alegria à mistura com uma lágrima contente.
Se cá estivesses...mas não estás. E eu escrevo estas palavras para que a saudade saia de mim e tu continues viva e inteira junto de nós. É assim que te quero e te queremos, hoje e sempre, mãe.
Se cá estivesses...mas não estás. E eu escrevo estas palavras para que a saudade saia de mim e tu continues viva e inteira junto de nós. É assim que te quero e te queremos, hoje e sempre, mãe.
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