domingo, 9 de julho de 2017

No Porto, pensar a pedagogia

É domingo, dia de descanso e pausa. Volto à rotina, depois de dois dias de intensa participação, em companhia. Foram muitos os que responderam à chamada, e quiseram ir à procura, uma vez mais,  da melhor pedagogia, para cuidar de meninos e as meninas que brincam e correm e aprendem, um pouco por todo o lado, em instituições de educação de infância, apoiados por educadores e equipas que se querem atentas, disponíveis e amorosas. Os educadores, fazedores do currículo, um currículo lento, não apressado e não imposto, um currículo (co)construído em parceria, que se quer vigiado e sustentado por outros olhares, numa lógica de fronteiras, como ponte e como proximidade.

E lá estiverem outros, especialistas de reconhecido mérito, que nos ajudaram a pensar ideias e práticas. E falou-se sobre currículo de qualidade para crianças e famílias em desvantagem, a centralidade do professor no currículo, a importância de brincar, ser ativo e correr riscos, o educador como arquiteto de atitudes, emoções e comportamentos, fronteiras e hospitalidade, como desafio para a educação de infância. E pudemos ainda ouvir outros, educadores, a partilharem práticas e projetos, alimentando o vai e vem entre o dizer e o fazer, expondo-se e expondo a matéria prima do seu trabalho.  

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/49/ed/0b/49ed0be98f41bca556f92be0a86abb98.jpgPela minha parte, levei as minhas famílias, para contar a história da nossa relação, que começou por mares revoltos nunca antes navegados e terminou em enseadas de praias mansas, apenas fustigadas por ventos do norte, em alguns dias.  Agradeço mais uma vez por me darem o mote para  o (re)conto, que de tão difícil, se tornou exemplar.
Por elas e com elas, as famílias, que pintaram Miró, leram livros mesmo a soletrar, cooperaram em projetos de bebés a nascer, riram, dançaram, protestaram, anuíram e discordaram.
E compreenderam que a Manela tem ali uma coisa...que eles escrevem e depois discutem e já não se batem, famílias que também ensinaram, que é sempre possível recomeçar, ultrapassando representações menos positivas, medos e dúvidas. Em proveito das crianças que se querem a crescer em ambientes de cooperação e inclusão para todos. Assim tentei fazer, por mais dura que fosse a realidade.

Levei-as em imagens e memória, apoiada pela emoção e uma leitura cada vez mais distanciada, tentando encontrar na prática a teoria e na teoria, a prática. Julgo que é isso que se pretende aos arquitetos do currículo, nós, os educadores, que de tão atarefados, encontram muito pouco tempo para refletirem e pensarem sobre o seu trabalho, a pedagogia, o lugar onde se cruza o que somos, pensamos e fazemos.

E por isso estes encontros são uma forma de encher o peito de ar, suster a respiração, abrandar, pensar e discutir, contrapor e regular. Para continuar de coração mais cheio, aberto e conhecedor. Porque o coração também conhece, como nos diz o príncipezinho, desde que haja tempo e lugar. Para que nos possamos deslumbrar com o pré-escolar, como nos disse o Sr. Secretário de Estado da Educação, a fechar este encontro.

 Um obrigada à APEI e a todos quantos fizeram acontecer estes dias, no Porto. Ficámos todos mais ricos, não foi?   

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