domingo, 11 de outubro de 2015

Recomeços...

Um sábado com chuva e um domingo igual. São bons estes dias que se despedem do verão e caminham a passos largos para o inverno. É bom vestir um casaco quente e calçar meias, sentir o calor do corpo, em confronto com o frio que nos começa a visitar, ainda que muito ao de leve e de mansinho. Regressamos às rotinas, dias de trabalho e fins de semana com jornais e café gostoso, escapadelas para o sótão, pensar a pedagogia, fazê-la o melhor possível, retomar a infância e a(s) sua(s) realidade(s). Assim estamos já há quase um mês, cercadas por crianças e centradas nelas.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWkWLYnwLwsyT29Q867pZgWrLIjmQluvxtF-lC0egKAh7dAqulIQh5ozb27SBCiI1jud9-BAoDHq40OVwpCR47Eo5K-6B-oamEbO6Mwm5BfKcMWYp715KReZqjx2NJExsRy83ni2f3EEbs/s1600/Imagem1_png12.pngDe novo o sentimento de que não é fácil. De novo experimentar que a construção de laços e sentido(s) de sermos e estarmos em comunidade, é um caminho lento, ainda que fecundo. Exige a relação com e entre todos, numa construção fina e frágil, como se de uma teia se tratasse, feita em muitas direções, sem desprender ou quebrar nenhuma das suas pontas...é difícil. Se queremos instituir processos de comunicação efetivos e afetivos, aqueles que nos envolvem de corpo e coração com os outros. 

 E só nos damos assim, quando reconhecemos que pode ser assim, e que sendo assim, pode ser bom e gratificante. E seguro. E confiável. Até lá, resistimos, fugimos, estamos... sem estar. Como me disse no outro dia o G., com uma expressão meia aborrecida e pensativa eu ainda não quero muito estar aqui... Ri-me, com a sua verdade e a sua lucidez, e disse-lhe eu sei... ainda não conheces nem gostas muito da sala, dos amigos, desta escola...tens saudades da tua e dos amigos que lá deixaste. E dei-lhe um abraço que ele aceitou e parece ter gostado, porque foi a correr brincar, de novo.

Neste tempo de regresso às rotinas, é preciso ser capaz de ouvir e dar abraços e ser colo para cada um. Respeitar o que dizem e fundamentalmente o que sentem. Tento treinar-me todos os dias e não esquecer que são novos, em idade e permanência na escola. Tento ser suave e recomeçar, de novo, a resistir à fúria do currículo e à perfeição do método. Para me encaixar bem no puzle que são as emoções de tantos meninos e meninas. Para que possa apoiar a B. que furiosa, se zangou no conselho, negando a ação que tinha feito sobre um amigo, recusando-se a falar. Não fui muito branda com ela, e no fundo de mim, alguma impaciência por ver que ainda vai demorar a perceber este espaço como lugar para conversarmos e negociarmos as nossas ações e as nossas regras de sala, que são da vida, também.

Neste recomeço de outono, treinar todos os dias a ideia com calma e com alma, mote eleito para este ano. Eles merecem e a equipa também.

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