sábado, 4 de julho de 2015

Maturação

Já não escrevo há muito tempo. As palavras têm ficado amarrotadas na ocupação excessiva do ultímo mês, longas horas de trabalho, festas de final do ano, avaliações, reuniões, sínteses, coisas assim para ficarem registadas em processos, arrumados e organizados. As palavras, no ultímo mês, viraram prova e memória e perderam a sua projeção de futuro. Então retaliaram. Não te acompanhamos mais, estás a ser seletiva, fazes prosas formatadas, não nos deixas livres e belas. E desapareceram.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHk2RDg-aAsa6rCC3fV90MoJcHwIbZyh3P7Xt606E1fSwKLxrATDxtD_S9MuZhJ4sNOBVVn9k00Ln7ViRaw7Dw2C-OU5SY6V7V-SGbakO-PZva7SI0bRbH3o-L-NsqiJlHsu5D7VxlZWI/s1600/word_cloud.pngHoje decidi enfrentá-las e pedir-lhe de novo namoro. Estão a fazer-se rogadas, ainda que as sinta a desprenderem-se aos poucos, com alguma cerimónia, ensaiando passos tímidos de donzela. Estão desconfiadas, sabem bem que preciso delas, fortes, precisas e destemidas. Sabem que as vou convocar para traduzirem um percurso de relação e envolvimento e depois oferecê-las a outros, para que vejam e pensem e discutam o que são e fazem como pessoas e profissionais. 

Amedrontam-se claro, acompanham os meus receios e as minhas dúvidas de serem capazes de traduzir, com clareza e fidelidade, a viagem realizada, num mar revolto, aquele que banha a terra onde estamos e as pessoas que nela vivem. Meninos, meninas, pais, mães, comunidade.

Dizem-me que ainda não estão prontas, precisam de mais tempo e maturação, sabem que este compromisso é para cumprir e elas são os mestres da cerimónia, as que abrem as portas, acolhem quem chega, constroem o cenário, provocam o pensamento, convocam a experiência. Tenho que as ter de feição, à medida do que somos e vivemos no nosso lugar. Foi tanto. Foi muito. Foi pouco.

Espero que não me falhem. Sexta-feira, em Coimbra, preciso que estejam do meu lado, a revelar a verdade do caminho, os percalços da viagem, as vezes que lançámos as redes e as recolhemos sem peixe e danificadas. E que mostrem, sem receio, as tentativas de as remendar para voltarem a ter uso no mar revolto.

É sábado. Espero que respondam à chamada e logo logo, estejam prontas a revelar a vida vivida. Já falta pouco para o encontro. 


2 comentários:

  1. Lá estarei para o encontro contigo e com elas..... as palavras que convocaste! Um grande abraço de quem anda também à procura de palavras escritas numa tarde de sábado.

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  2. Obrigada, Assunção, também eu por aqui estou. Com pouco sucesso, por enquanto, diga-se...se também estás por aí, estou bem mais acompanhada!

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