Para que fique mais claro a razão da escolha do nome para este blogue, aqui fica o texto incial que fiz e não foi possivel incluir no cabeçalho...
Andar aos dias
Dizia-se, quando era pequena, de mulheres que trabalhavam em casa de outros, fazendo serviços e tarefas domésticas dos mais variados, conforme fosse pedido e necessário. Ficou-me a expressão desse tempo, algumas imagens de rostos de mulheres fortes e doces, carregando palha, lavando a loiça, cozendo botões e bainhas de saias. Mulheres que estavam e não estavam, conforme fosse de maré ou feição das lides domésticas e do campo…Andar aos dias era fazer de tudo um pouco, em casa alheia, que se tornava um pouco sua, apesar de andar aos dias fosse condição de gente de fora Desse tempo o infância, guardo a estranheza da fragilidade desse vai e vem, contra a imensidão da presença, feita cumplicidade, pela força dos laços, da confiança e do trabalho.
Quando cresci e mulher me tornei, resolvi essa estranheza dentro de mim. Compreendi que na vida andamos todos aos dias, ensaiando entradas e saídas, em diferentes casas e lugares, agarrando por dentro e por fora aquilo que podemos, sabemos e sonhamos. Numa insustentável leveza de ser e muito para além da eternidade com que nos ensinaram a pensar e a sentir os dias e a vida.
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