Fico espantada com as suas competências e tudo o que já aprendeu. Quando lhe digo que, por exemplo, "temos de ter uma conversa séria e de compromisso" - para negociar qualquer coisa ou situação - fica muito atenta e põe as mãozinhas debaixo do queixo numa escuta maravilhosa. Tento fazer o mesmo com ela, quando comunica e quer conversar.
Fico a pensar nas múltiplas possibilidades do trabalho em creche, com estas idades, e de como as crianças são movidas por curiosidade, energia, interesse e necessidade de se relacionarem e comunicarem. De dizerem o mundo e explorá-lo, de participar nos processos culturais e sociais que fazem parte da sua vida. E como os adultos são determinantes na construção e manutenção de um ambiente educativo que respeite e desafie o desenvolvimento e a aprendizagem de cada um e de todos, em equipa, com as famílias e na comunidade. E como as crianças são capazes de compreender e incorporar, pelo corpo, pela escuta, pelos afetos e pelo cuidado amoroso, tudo isso.
Por isso, a creche tem de ser valorizada, investida e levada muito a sério na sua missão de educar, desafiar e cuidar de todas as crianças que nela vivem. Entendendo as crianças como pessoas, com agência, cidadãos de corpo inteiro, plenos de direitos, interesses e necessidades. Sem os minorar, infantilizar ou esconder as suas competências, saberes e histórias sociofamiliares.
Que haja condições - espaços, tempos, profissionais, valorização - para que se cumpra o direito a uma educação de qualidade desde o nascimento.
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