Ainda não escrevi sobre o outono e a sua doce magia. Ainda não me entrou na alma e no entanto é outubro, os dias já são mais curtos e o sol, ainda que continue forte, já estremece com o ar fresco da manha. Sente-lhe a presença e inibe-se na sua luz cintilante. Assim seja, porque nos é devido a paz dos dias tranquilos e a promessa da quietude das chamas altas, para acabar de vez com os campos queimados e o negro do coração de quem tudo perdeu.
Convoquemos o outono para que nos traga o reflexo do sol deitado em cima das terras e das árvores altas. Para que a vida se renove em lentidão, sem surpresas aflitas de um tempo às avessas. Porque às avessas só queremos a má sorte, a virar em sorte boa e para sempre. Nos lugares que temos e no corpo que habitamos.
Convoquemos o outono e os dias justos. Convoquemos o que somos, gostamos, temos e desejamos. Neste outono que tarda, a mim fazem-me falta os cestos de fruta madura, as descobertas alegres na escola, as pinturas da árvore da vida de Klimt, a salada de fruta e as bocas lambuzadas, os risos e as birras, os abraços e as perguntas quantos somos cá na sala? queres brincar ao lobo mau, no recreio? que dia é hoje? vamos fazer doce de abóbora?
Vamos, pois, fazer doce de abóbora e pintar o céu de azul claro, desenhar árvores verdes e castanhas, morder os bagos das romãs, brincar com paus e pedrinhas do chão, compor, misturar, separar e projetar. Em tons de laranja, castanho, verde e lilás. Com esperança e rebeldia, traços fortes ou tímidos, mas sempre autónomos e livres, porque capazes e competentes.
Assim eu queria este outono. Em tempo ameno e dias doces, com bocados de frio, vento e cheiro de castanhas assadas e frascos de marmelada para barrar o pão.
Nas escolas e nas casas, em todos os lugares, neste outono. Com paisagens bonitas, sem desastres tristes de fogos por apagar, que pintam a terra de escuro e sugam a fé no futuro.
Vamos, pois, fazer doce de abóbora e pintar o céu de azul claro, desenhar árvores verdes e castanhas, morder os bagos das romãs, brincar com paus e pedrinhas do chão, compor, misturar, separar e projetar. Em tons de laranja, castanho, verde e lilás. Com esperança e rebeldia, traços fortes ou tímidos, mas sempre autónomos e livres, porque capazes e competentes.
Assim eu queria este outono. Em tempo ameno e dias doces, com bocados de frio, vento e cheiro de castanhas assadas e frascos de marmelada para barrar o pão.
Nas escolas e nas casas, em todos os lugares, neste outono. Com paisagens bonitas, sem desastres tristes de fogos por apagar, que pintam a terra de escuro e sugam a fé no futuro.
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