domingo, 24 de janeiro de 2016

De pequenino se torce o destino

Um sol quente e um dia de luz. Ainda bem, precisávamos dele assim, depois das sombras pardacentas deste inverno que nos acompanha.
Volto a emocionar-me neste dia, apesar de não ser o inicial. Volto a emocionar-me com a ida às urnas, vendo em cada homem e em cada mulher a liberdade. Para pensar, decidir e expressar a sua opinião. Volto a emocionar-me com esta conquista e este direito, pelo qual um conjunto de mulheres lutou arduamente. Não podemos, em sua honra, ficar em casa. Não podemos diminuir a democracia, encurtar-lhe os sonhos, rasgar-lhe a utopia e a realidade. Porque a queremos ver a crescer nos dias que temos e na vida que construímos todos os dias. E porque a democracia não é dado adquirido, é matéria para realimentar, investir e fazer vingar. Hoje e sempre, aqui e em todos os lugares.

http://www.comunidaddeaprendizaje.com.es/files/post/image/40/slide_estudos%20part%20pais.jpgPor isso lutamos por ela como uma pele que nos cobre e no identifica. Em casa, na escola, com pequenos, grandes e médios... diriam os meus meninos se com eles estivesse a conversar. E diriam mais, porque sabem, apesar dos erros e das imperfeições, que é pela democracia e pela liberdade que nos batemos todos lá na sala. Não é um caminho fácil, mas é o único que a dignidade de cada um de exige.

Apesar de pequenos, os meninos sabem, porque vivem, que a participação é uma prática, por isso uma causa séria da vida da sala. Os meninos sabem que todos têm lugar e todos podem ser, através de palavras, ações, registos, discussões. Acertos e desacertos. Em cada dia, no final de semana, nos conselhos que realizamos, nas decisões que tomamos, nas escolhas que fazemos, tentamos dar corpo a este princípio e a esta prática. Com alegria, com choro, às vezes, com contenção, com surpresa, com resistência, com solidariedade. Constuir o nosso lugar e o lugar dos outros para um bem comum, não é coisa fácil, mas é coisa boa.

As crianças aprendem que esta é a forma justa de viver em comunidade. Se as crianças podem e aprendem e se tornam mestres nesta arte, porque é que os adultos se diminuem e se omitem na condução dos seus destinos? 

Esperemos que hoje não tenha sido assim e que a participação nas eleições nos orgulhe da nossa consciência cívica e participativa. Para bem da democracia e da vida de todos nós. Vamos? Ainda há tempo.

3 comentários:

  1. Infelizmente, não foi totalmente o seu (nosso) desejo, mas adorei o texto e vou partilhar. Ontem, quando fui votar com o David, ele que também já vota, fartou-se de fazer perguntas e eu sempre a tentar responder sem forçar a opinião dele. Contudo, salientei bem que era fundamental votar, nem que fosse em branco.

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  2. Pois, tanta gente sem exercer esse direito fundamental para a democracia...os meus, cá de casa foram todos e votaram...mas desde que são meninos que nos ouvem a falar destas coisas e de outras...se não fossem, ficaria ainda mais triste. E muito! obrigada pelo comentário.

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  3. Espero bem que nunca chegue o dia em que dos meus filhos me diga que não vai votar, porque não lhe apetece ou porque vai para a praia. Seria um grande desgosto e uma grande zanga. Contudo, tenho esperança que com o nosso apoio eles cheguem a boas conclusões. Tenho uma colega que diz que os "putos" não saem aos bichos do mato, mas, depois, olho para mim e para o meu pai e tenho algumas dúvidas...

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